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casa - um lugar especial

por sapoprincipe, em 15.06.15

Chegamos ao ponto que me fez querer escrever sobre o livro - Holanda.

[ Casa - pequena história de uma ideia - Witold Rybczynski] 

A simplicidade da burguesia holandesa era expressa de várias maneiras. Os trajes do homem holandês, por exemplo, eram simples. Podia variar o tecido mas o estilo não mudou durante várias gerações (equivalem aos ternos atuais. Olhando livros de moda e vendo as variações das roupas ditas femininas - túnicas, saias, faethingale, anquinhas, espartilhos, melindrosas... as saias foram subindo até chegar na minissaia. Já os homens - túnicas, saias, aí chegou-se a solução de calça e casaca e não evoluímos muito mais daí, vem se repetindo com pequenas variações. Mas o assunto é casa e não moda.)

A mesma simplicidade e ponderação podia ser vista nas casas holandesas, que não tinham pretensão arquitetônicas das casas urbanas de Londres ou de Paris e que eram feitas de tijolo (que não se presta à ornamentação elaborada) e madeira em vez de pedra. Materiais mais leves, visto que o terreno era pantanoso e, geralmente, requeria fundações de vigas, cujo custo podia ser reduzido se as fundações suportassem menos peso.

Construir sobre vigas em terrenos recuperados tinha seus inconvenientes, mas também trouxe uma vantagem inesperada para seus ocupantes. Como as paredes laterais comum destas casas suportavam todo o peso do telhado e do piso, as paredes transversais externas não tinham qualquer função estrutural e, devido ao alto preço das fundações, era vantajoso construí-las o mais leve possível. Para conseguir isto, os construtores das casas holandesas inseriam várias janelas grandes nas fachadas, cuja função pode ter sido diminuir o peso, mas que também permitia que a luz penetrasse bastante nos interiores profundos e estreitos.

A luz que entrava por estas janelas era controlada por portinholas e por uma nova invenção - cortinas - que também oferecia privacidade da rua. Quando estas aberturas ficaram maiores, tornou-se mais difícil abri-las da maneira convencional, e os holandeses inventaram um novo tipo de janela - a janela de guilhotina.

Com a prosperidade, e à medida que os artesãos se tornaram mercadores ou agiotas, eles construíram estabelecimentos separados para os seus negócios. Os empregados e aprendizes tinham que procurar a sua própria moradia.

Começava a se operar uma grande mudança. A ênfase que a Idade Média conferia às cerimônias realça o caráter externo da civilização medieval - a vida era uma questão pública. Eram raras as oportunidades para se ter intimidade. Assim como as pessoas não tinham forte consciência de si, elas também não tinham um quarto próprio.

Foi em tais moradias burguesas, modestas, que a vida familiar começou a tomar uma dimensão privada.  Antes que a consciência humana entendesse a casa como centro da vida familiar, precisava-se da sensação de privacidade e de intimidade que não eram possíveis no salão medieval.

O caráter público da "casa grande" foi substituído por uma vida caseira mais sossegada e privada.

 O surgimento da casa de família era um reflexo da importância que a sociedade holandesa começava dar à família. O cimento desta unidade era a presença das crianças. As mães criavam os próprios filhos - não havia babás. As crianças pequenas iam para um jardim de infância aos três anos e depois para a escola primária durante quatro anos. Os Países Baixos tinham, acredita-se, o mais alto nível de alfabetização da Europa e nem os estudos secundários eram incomuns.

Também não havia tantos criados, pois a sociedade desaprovava a contratação de criados e o governo cobrava impostos especiais. [estamos falando de fins da idade Media. Passam-se séculos e no XXI vemos brasileiros esperneando por que o governo decidiu, finalmente, reconhecer os direitos das trabalhadoras domésticas.]

Valoriza-se mais a independência do individuo do que em outros lugares.

As casas holandesas eram muito limpas. Uma das explicações seria um tipo de manutenção preventiva - "está umidade do Ar que faz com que os metais tenham uma propensão a oxidar e a madeira a mofar, o que lhe obriga a tentar evitar ou solucionar o problema esfregando e limpando constantemente."

Nas casas os andares de cima começaram a ser tratados como sala formais. O segundo andar, de frente para a rua, foi transformado em uma sala de visitas e outros quartos começaram a ser usados somente para dormir.

Quando se pedia que os visitantes tirassem os sapatos ou calçassem chinelos [Henrique, agora vc já está avisado ;c)] , isto não era feito imediatamente ao se entrar na casa - mas quando se ia para o andar de cima. Era ali que se encerrava a esfera pública e começava o lar. Este limite era um conceito novo - o desejo de definir a casa como um lugar separado, especial.

 

NB - o texto poderia quase estar todo entre aspas. É quase só copiar e colar.

publicado às 16:19


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