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do jeito que andam as coisas, deveria ter em cada esquina (de preferência em frente aos consultórios de certos psicólogos, juizes e igrejas) em neon. Só não fiz com as luzinhas piscando pq não sei fazer gif.
19 - dia do índio. nada a comemorar. só lutar por esta população que está sendo dizimada pela imcompetência e mau caratismo do governo.
Hoje teríamos aqui um post, mas estamos em greve - #foratemer
Jean Paul Gaultier
A presença do gênero fluido cada vez mais na mídia tem me chamado muito a atenção.
Num passado, não tão distante assim, o sonho de muitos gays era ser mulher. Relacionar-se com héteros, usar vestidos sofisticados, deslumbrantes - com grande influência, claro, de Hollywood e as passarelas de alta costura de Paris. Depois, a "revolução sexual" da pílula e o movimento hippie dão uma bagunçada geral. Em 69, acontece a batalha de Stonewall e começa mais uma mudança. Era muito comum ver bichas de bigode e havia um entendimento de que gay tinha que transar com gay, e passaram a ser chamados de "entendidos". Depois o HIV aparece nos noticiários fazendo ligação com a homossexualidade. Os preconceituosos, achando que seria o abate derradeiro, fazem com que uma parte dos gays se una para a luta e para amparar os amigos (outros optaram por esconder-se no armário de um casamento hétero). E o que seria o "inferno" faz avançar muito o movimento gay. Formam-se alguns grupos por aqui e até mesmo começam a acontecer as Paradas. Ameaça-se uma diversidade. Mas não demora muito, vemos fortalecidos o culto ao corpo e a valorização dos jovens que desemboca nas "barbies" - bichas bombadas e musculosas (até mesmo para fugir do estigma da doença). A internet se desenvolve cada vez mais, informações circulando, mais pessoas tendo acesso. Começa uma cobrança grande da fraca presença de lésbicas no movimento. Como também dos bissexuais. Depois, acrescentam-se letrinhas - não menos importantes - na sigla. Travestis. Transgenêros.
A discussão de gênero ganha cada vez mais espaços. E o que antes era feito de forma discreta ganha holofotes - representatividade importa.
Atualmente, vemos cada vez mais matérias sobre transições de gênero. É lógico que a luta não começou com ela mas, por aqui, o fato de a Laerte ter feito sua transição nas páginas de jornais e revistas ajuda na discussão e aceitação - ou pelo menos fez o assunto ser presença marcante na pauta da mídia tradicional.
E cada vez mais ouvimos falar de pessoas que querem flutuar ou não definir seus gêneros.
O momento político pouco animador pelo qual passa o país torna essas discussões ainda mais importantes. Mais enfretamentos virão.
Por mais que queiramos mais e pra já, o processo é sempre lento. Mas conseguimos e vamos conseguindo avançar. Mesmo que aos poucos.
Pensando nesses pontos, fiquei ponderando aqui o quanto cada pequena coisa e gesto contribuiu para despertar o interesse e jogar luz sobre pontos que estavam na obscuridade.
A fluidez hippie, a ambiguidade de David Bowie, as fotos de Mick Jagger vestido de mulher, Lennie Dale/Dzi Croquettes, o modo tropicalista de Caetano e Gil, Jean Paul Gaultier desfilando modelos de saias para homens (não escoceses - rs), Ney Matogrosso de peito cabeludo rebolando, Boy George, Roberta Close, Ru Paul, Cassia Eller (que do casal é quem engravida), Conchita Wurst, Laerte, Seann Miley Moore, Liniker (que, na última reportagem que vi, estava sem barba)... esses foram os nomes que me vieram assim de imediato e que me fizeram ver avanços pelas posturas.
Admiro demais pessoas que rompem barreiras. Mas, nesse item aí, consigo no máximo flertar com usar saia vez por outra - e não só no carnaval.
David Bowie - imagens via google